quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Eletroacustica

Este post será dedicado à um capitulo importante da música do século passado, a música eletroacustica.

O desenvolvimento dessa arte sonora está intimamente ligada à tecnologia, como o nome já diz, não haveria música eletroacústica sem eletricidade.
Já na segunda metade do século XIX surgem tentativas de criar instrumentos elétricos, uma busca por novos timbres. Nessa época também Thomas Edson constrói alguns protótipos capazes de registrar precariamente o som.
No século XX a sociedade convivia com o trauma de duas Guerras Mundiais. No campo das artes surgia a vontade de quebrar paradigmas, como também o questionamento  (lembra do mictório e do banco com roda de bicicleta de Duchamp?) e a busca por novas formas de expressão, o novo era uma obsessão.


Muita coisa usada na música de hoje provém dessas engenhocas e experimentações. Os compositores eletroacústicos desenvolviam (e ainda desenvolvem) novos instrumentos, como o Theramin; manipulavam o som de instrumentos tradicionais alterando frequências e criando novos timbres - algo semelhante aos pedais de efeito de guitarra; e manipulavam também fitas de gravação, os primórdios do sample.


Veja como funciona um Theramin



Theramin numa banda de rock



Aqui um trecho, com interação entre orquestra e áudio pré-concebido, de "Deserts" de Edgard Varese.



Etude Noire, de Pierre Schaefer. Sons de piano, orquestra e, simplesmente, ruídos. Uma viagem um tanto quanto sinistra!



Jorge Antunes, compositor brasileiro.



As bandas de rock psicodélico tiveram muita influência deste gênero.
 

Este exemplo do Pink Floyd mostra como aos poucos a música eletroacústica foi incorporando-se à cultura popular. Hoje seu legado se faz presente no Techno (e demais derivações), e até mesmo no metal, o chamado Metal Industrial.

Confesso que não conheço praticamente nada de Industrial, as únicas bandas que me lembro são Rammistein e Mortiis. Quem aprecia este estilo pode indicar bandas nos comentários ;-) 

*última dica: meu amigo Felipe Missali tem um programa de rádio que enfoca justamente este tema:  http://espacominimo.podomatic.com/

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Those whom gods detest

Há algumas semanas atrás uma de minhas bandas favoritas lançou seu mais recente álbum de inéditas.
Estou falando de "Those whom Gods detest" do Nile.

Quem gosta da banda não se decepcionará com o disco. Está lá toda a técnica e a velocidade que fazem o som do Nile único no Death Metal.
Um ponto que chamou minha atenção é a presença maior de passagens com instrumentos e sons do oriente, talvez influência das idéias desenvolvidas em "Saurian Meditation", trabalho solo do guitarrista Karl Sanders.

Bom, aproveitando o assunto resolvi ouvir algumas músicas da cultura árabe. Minha primeira descoberta é que não existe apenas "uma" música arábe. Esta cultura milenar se espalhou por uma vasta área, misturando-se e ganhando novas formas conforme o contato com as civilizações. Então temos, por exemplo, uma música no litoral do Egito, outra no interior, outra no Golfo etc.
E assim como no Ocidente temos canções religiosas, de dança, de rituais e de improviso.


Zaar – o ritual

Este é um video de uma cerimonia Zaar. O ritmo contido aqui é chamado Ayoubi. Segundo a crença, conforme o ritual acontece uma pessoa pode ser possuída por uma entidade chamada zayram, que é o demonio do Zaar.






Said - Dança

Aqui um exemplo de Said, música beduína voltada à dança, com percussão mais marcante.



Adhan – chamado pra oração
   Aqui o Adhan, música religiosa cantada exclusivamente em arábe clássico





Oum Kalthroum, uma famosa cantora egípcia






Os principais instrumentos utilizados são:
Percussivos: derbak, tabla, dAff, snuj.
Cordas:  harpa,  guitarra, baixo, oud (parecido com o alaúde).
Sopro: mizmar, mijuez, nay.
Teclados eletronicos também são usado com frequência.


Meus agradecimentos à Ligia Castaldelli, graças a ela, e seu vasto conhecimento em cultura oriental, tive material de sobra para esse post!

Vou listar aqui os artistas que ela me passou para quem quiser ouvir mais coisas: Najwa Karam, Nancy Ajram, Hakim, Hisham Abbas, Farez Karam, Elissa, Farid el Atrache, Abdo Halim Hafez, Riad el Sombati, Hanni Mehana, Sayyed Balaha,  Haifa Wehbe, Natacha Atlas, Hisham Abbas, Hakim, Omar Faruk.

*Agradeço também Lúcia Gandarillas que têm revisado meus textos!